As ruas continuam grandes, as estradas continuam longas e intermináveis, e as casas continuam grandes e diferentes, espaçadas com o à vontade de uma vaca num vasto pasto, no grande território californiano. De madeira e gesso, com cores ténues que podem ter grandes variações de tom, janelas generosas, quintais gigantes, jardins arranjados e garagens enoooormes (quase como labaredas). O tempo continua bom (isto segundo os locals, que dizem que está a ser um outono bem quente), embora o sol só mostre a sua amizade calorosa nas horas em que está mais vertical, e as manhãs e fins de tarde tragam temperaturas geladas, humidade e até nevoeiro.
Os dias correm. Acelerados e sem pausas. Passam depressa e são extremamente agitados. Todos os dias se fazem muitas coisas novas, e se aprendem outras tantas. Todos os dias se conhecem pessoas novas, que fazem coisas diferentes, em sítios diferentes, de forma diferente. Todos os dias conheço mais e melhor a empresa e as mentes que levam continua e incessantemente para a frente ideias inovadoras... e de sucesso. São mentes muito mais modestas do que o que seria de esperar, e incansáveis no capítulo do imaginário. Existe no ar deste grande edifício um cheiro a ideias frescas saltedas com um pouco de loucura e um cheirinho de inconsequência gerado em torno de um desporto que adoro - gosto disto!
Mas é no final destes longos dias de horários californianos adubados com temperaturas instáveis e recheados com molhos multi sabores, que reconheço sentir falta dos ares portucalenses, do meu mar, dos mais próximos amigos. A solidão sentida nas longas noites passadas atrás do monitor começam a tornar-se bastante incómodas, repetitivas e cansativas. As imagens de casa cheiram bem, as vozes de quem está mais próximo sabem a pouco.
Creio que nas palavras dos antigos o termo se chamava: Saudade.
