Apple pie




Pois é, depois da primeira semana de adaptação vejo-me sozinho com um fim de semana pela frente. Perdi o mapa que, à cautela, decidi comprar logo na primeira noite, na primeira oportunidade que tive. Então lá vamos, mochila às costas, mp3 e máquina fotográfica, em busca de um pequeno almoço nesta selva desconhecida. Quinze minutos de deambulação depois, eis que encontro uma zona comercial que furtuita e curiosamente se situa mesmo nas traseiras do hotel...


Comida, café quentinho, cheirinho a pastéis de nata acabadinhos de fazer, e torradas, há torradas!? Não. Nem café, nem restaurante, nem snack bar, nem mesmo uma taberna de esquina com garrafões de vinho sete estrelas a decorar o balcão. Avisto um McDonald's, um Subway, um Denni's e outros nomes menos sonantes. Existe também uma loja de roupa com um ar extremamente intimidador, um centro de explicações e um banco. Um supermercado servia perfeitamente, mas e onde está ele? Nada. Dou uma longa volta ao imenso parque de estacionamento, fotografo uma colecção de Mustangs de várias cores e modelos (aqui parece que nascem nas árvores). E encontro um estabelecimento com um ar bastante abandonado, numa esquina estranha e aparentemente deserta - e que se chama "café"! Estou quase emocionado, e solto um soluço enquanto bebo um café horrível, servido no característico copo de plástico, por uma loura de peitos enooormes, cheia de acessórios metálicos em sítios que não me atrevo a descrever, e que não consigo classificar, e mordo uma coisa a que deram o nome de apple pie. É mau, mas enche o depósito de resíduos industriais (passei a chamar assim o meu estomago depois de uma semana inteira de comida local).


Mas nem tudo é mau. O talão do restaurante do dia seguinte é um sinal de que todas as culturas têm um lado bom...pelo menos menos mau... ou seja, correcto. Mais ou menos. Ou então não.