Costa Esmeralda


Final do verão. Dias menos quentes, água mais fria...
Voámos rumo ao incerto, pelo menos no que à meteorologia diz respeito.


Chegados a Sardenha, foi tempo de explorar o território envolvente. Trata-se de uma ilha de encantos profundos, mas simples. Sem recorrer demasiado às habituais ferramentas da industrialização e globalização turísticas, a Sardenha consegue cativar com as suas "armas" naturais. Relativamente pequena, esta região esconde em si muitos recantos deliciosos, cheios de paisagens que nos enchem o peito de felicidade.
As praias são na sua grande maioria limpas, com águas quentes e areias grossas que nos massajam os pés... e o azul destas águas faz sonhar até o menos aventureiro visitante. Este é um sítio que reúne turismos de classes diferentes, pois nem só de praia vive a região. As suas montanhas atraem pela sua grandiosidade e natureza "ainda" bastante selvagem. As estradas que atravessam a ilha são recortadas, estreitas, e mostram-nos o caminho de uma forma hesitante. Fazem as maravilhas dos condutores mais ávidos, e de centenas de motociclistas que se perdem pelo emaranhado de troços alcatroados que rodopiam pela serra acima, e abaixo.
Costa Esmeralda é a zona mais famosa da Sardenha, onde os mais endinheirados turistas passam as suas férias de verão. Muitas caras conhecidas, vedetas da televisão e do cinema, iates e veleiros, carros desportivos de alta cilindrada e mansões, hotéis e resorts vários podem ser encontrados um pouco por toda esta vasta área. No entanto, o que mais impressiona, são as paisagens. Praias lindíssimas rodeadas de montanhas, vegetação abundante e nalgumas zonas, escarpas altas que se elevam rumo ao céu.


Feria de Sevilla


Abril, mês de águas mil, diz tradicionalmente o povo. O nosso povo. Mas aqui bem ao lado, o povo desta grande e muito activa cidade, os sevilhanos dizem: Abril, mês de la feria!

Trata-se de uma experiência fantástica, onde podemos conhecer o poder da igreja neste país, mas acima de tudo o valor que a população dá à tradição. Tudo passa pela fortíssima tradição cultural, enraizada de forma profunda nestas gentes. Durante esta semana, anualmente, todos os membros desta grande comunidade vestem literalmente as roupas dos seus antepassados, e agem como tal. Não há vergonhas, modas, tendências ou recusas perante o antiquado, demodé ou old fashion. Desde tenras idades, e até à mais ansiã membro da família, todas as mulheres vestem os tradicionais vestidos sevilhanos, com formas longas e tecidos rendilhados, cheios de cor e movimento. Estes vestidos não se repetem no decorrer da festa, assim dita a tradição, e nada enche mais de orgulho avós, pais, maridos ou namorados, que ver as "suas mulheres" sempre no seu melhor. Os homens vestem calças clássicas, camisas, gravatas e casacos de cerimónia. Ninguém, sem excepcção, sai à rua sem o fazer efectivamente no seu melhor.

A Feria de Sevilha respira um ambiente de festa, de cultura, de tradição e de diversão que nunca encontrei, de forma tão condensada, pura e viva, em lado algum. São ruas intermináveis, avenidas longas, e muitas, muitas "casetas", num total de 4200. As "casetas" existentes nesta festa tão única, tão especial, tão sevilhana, são espaços onde se come e bebe (muito, e muito bem), e onde a admissão é reservada a convidados ou sócios. Aqui quem é convidado é rei. A mesa está sempre cheia, pratos vários de tapas típicas, e jarros, copos, garrafas de bebidas várias enchem insistentemente as mãos de qualquer convidado.

Uma palavra final para o "Rebujito". Uma bebida que jorra aos litros durante estes dias nesta festa, é na verdade uma mistura de vinho Manzanilha com refrigerante gasoso, servido em jarros com gelo abundante. Resfrescante, doce e enganadoramente fraca, esta bebida acaba por derrubar até os figados mais fortes. Diz-se que os antigos a bebiam pura.

Havaianas e cachecol


Chegou a Páscoa, essa altura do ano em que as famílias se voltam a reunir, em que as refeições, ao bom e velho hábito tuga, se engrandecem, e se alargam no tempo e no espaço. Almoços ou jantares, sempre longos e exagerados, onde as famílias celebram...a Páscoa. As crianças esperam as amêndoas doces, e os ovos de chocolate. Todos cumprimos a nossa parte da "tradição", sendo que alguns aproveitam este intervalo laboral para visitar as nossas praias pela primeira vez no ano, como que em romaria religiosa dos amantes mais fervorosos do verão.

Ou então não. Dizem as estatísticas que o Algarve é um dos principais destinos dos portugueses (e não só), durante a época pascoal. Na procura do bom tempo, do tão aclamado sol de Abril que costuma brindar os visitantes deste território à beira-áfrica plantado, vemos as ruas com mais gente, os hotéis, restaurantes, discotecas e bares, esplanadas e praias com as primeiras visitas "de grupo" de um verão que ainda está longe, mas que é esperado com ânsia e excitação.
E são esta ansiedade e excitação que levam ao re-aparecimento das primeiras chinelas de praia. Chinelos, chanatas, socas, sandálias e as primeiras alças e calções começam a desfilar pelos centros das cidades algarvias durante estes dias.

Mas, porque o nosso sol nem sempre cumpre o prometido, e porque os dias, agora mais generosos na sua luminosidade e duração, ainda não nos dão aquela temperatura acertada - aquela que nos faz lembrar a praia todos os dias, a todas as horas... Esses dias de reduzida indumentária, de despreocupação com a descida de temperatura do anoitecer, ainda tardam.
Por isso parte dos "modelitos" deste final de semana de Páscoa, juntam com relatica harmonia as habitualmente coloridas Havaianas, com o mais inesperado dos cachecóis...

The Inauguration


Novo ano, e mais uma visita de cortesia ao sr Sam, o tio de todos nós.
A Califórnia mostrou-se mais quente do que o que seria de esperar, este inverno é também por aquelas paragens incerto, e o frio das últimas semanas foi violentamente afastado por dias de sol brilhante e intenso nas horas mais esperadas. The fabulous Californian weather, they say!

Trata-se também de uma época histórica. O novo presidente, revolucionário na raça, energético na atitude e prometedor nas suas promessas políticas, vai tomar posse por estes dias. E eis que jornais, revistas, noticiários e programas triviais passam incansavelmente a sua imagem, dia e noite. As suas preferências, a sua história, o seu passado, presente e futuro, a sua família, as suas relações, os seus hábitos e costumes mais comuns, mais mundanos, mais banais...passam a fazer parte de qualquer horário nobre ou programa de final de madrugada radiofónica. Mais que uma tomada de posse, trata-se certamente de um dos mais, se não o mais importante dos eventos. Move multidões, congela o tráfego, a nação pára para ver a passagem de testemunho - The Inauguration, é como lhe chamam os nativos.

A esperança vive por estes dias uma vitalidade muito superior à normal por este continente nortenho, e a população reune-se em êxtase para ver o seu novo presidente. Músicos fazem a cerimónia ganhar mais cor, e mais veracidade, ou não se tratasse tudo, afinal, de um espectáculo muito bem orquestrado. Vivem felizes os nossos primos, e o Tio Sam sorri perante a positividade da nação. A importância deste acontecimento teve até direito a que o sol brilhasse fora de época.