
MONTANHAS. Montanhas imensas, perdidas entre vales enormes que fazem aparecer novas montanhas atrás de cada curva enrolada, cada rampa contorcida, cada escarpa cinzenta. São lindas as paisagens que se me apresentam a cada quilómetro, são extraordinárias as curvas das estradas, e a luz e contra-luz que se vê, sente e aprecia ao virar de cada cruzamento, ou desvio.
Sempre tive curiosidade e finalmente cá estou – no Tirol. Não se avistam “Heidis” por aqui, mas as paisagens carregam-nos ao colo de uma forma quase imediata – as cabanas da montanhas, as pastagens, as elevações gigante de terra com o seu pico branco e brilhante… e as vacas, cabras e outras personagens que se tornaram parte do nosso imaginário. (refiro-me neste parágrafo à geração que viveu as aventuras de Heidi e Pedro como se fossem suas, falo de quem ainda se lembra de ver séries fantásticas onde as armas, perseguições de automóveis e tiroteios ainda não eram obrigatórios…)
De tudo o que vi, dos mais de 1000kms de estradas, de estradinhas, de cidades e pequenas vilas, de passagens de alta montanha e de pontes sobre rios gelados e pequenas lagoas… Um local vai ficar colado na minha memória – arrisco a dizer – para sempre.
Lech é uma terrinha pequena, bem cuidada, arrumada e fantasticamente mantida. Cada casa, cada hotel, restaurante ou casa de hóspedes foi cuidadosamente “colocada” no local ideal. Não há por estas bandas as aberrações habituais dos locais ditos evoluídos, mas durante a minha visita, tive a sensação constante de estar entre seres muito inteligentes – afinal, sabem da importância de manter as coisas no seu lugar, de preservar o tradicional, de manter a maior harmonia possível com o meio que os rodeia, e de fazer tudo isto com uma naturalidade que apenas nos faz pensar (ainda mais) se existirão alguns seres desta linhagem pelas nossas localidades natais…
Um local lindo, único. Um sítio onde quero voltar, onde seria feliz certamente. Onde me senti, muito curiosamente, em casa.
